Banco central angolano mantém aposta na estabilidade da política monetária e cambial
Fotografia: Mota Ambrósio | Edições Novembro
Num comunicado, o BNA declarou que a decisão de manter os juros foi tomada com base dos indicadores da economia nacional em Agosto, com realce para a evolução dos preços naquele mês, quando a inflação homóloga continuou a sua trajectória descendente iniciada em Janeiro.
O documento afirma que, em Agosto, a taxa de inflação mensal - medida pelo Índice de Preços no Consumidor de Luanda, publicada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), foi de 1,66 por cento, contra 1,77 no mês anterior e 3,30 em Agosto de 2016.
Nos últimos 12 meses, prossegue o comunicado do banco central, a inflação situou-se em 26,95 por cento, contra 29,01 no mês anterior e 38,18 no período homólogo de 2016, o que reflecte o curso descendente da inflação homóloga.
As classes que registaram maior variação de preços no mês de Agosto foram a de “Lazer, recreação e cultura” com 3,62 por cento e “Saúde” com 3,23. As que tiveram menor variação foram a de “Comunicações” e “Transportes”, com 0,03 e 0,35 por cento, respectivamente.
As classes que mais contribuíram para a inflação naquele mês foram a de “Alimentação e bebidas não alcoólicas” com 0,49 pontos percentuais e a de “Bens e serviços diversos” com 0,29, sendo as que menos contribuíram a de “ Transportes” com 0,02 e a “Hotéis, cafés e restaurantes” com 0,04.
Na óptica do Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN), do INE, observou-se uma variação de 1,59 por cento, mais 0,10 pontos percentuais que em Julho (1,69 por cento) e uma redução de 1,72 pontos percentuais em relação ao período homólogo de 2016 (3,31 por cento).
A Huíla foi a que registou menor variação com 1,12 por cento, enquanto o Moxico foi a que teve maior variação com 2,20.
Juros e câmbio
A taxa de juro LUIBOR “Overnight” fixou-se em Agosto nos 22,23 por cento ao ano e, nas maturidades de três e 12 meses as situaram-se em 19,62 por cento e 23,27 por cento ao ano, respectivamente.
O banco central declara, de acordo com dados preliminares das contas monetárias, que, no mês de Agosto, o crédito à economia diminuiu em 0,29 por cento, enquanto que o crédito bruto ao Governo Central (titulado e não titulado) aumentou em 2,36 por cento.
Neste mesmo período, os Depósitos do Governo no Sistema Bancário diminuíram em 12,74 por cento.
Os meios de pagamento, representados pelo agregado M2, aumentaram em 1,66 por cento em Agosto e diminuíram em 2,42 por cento nos últimos 12 meses. A Base Monetária Restrita em moeda nacional contraiu 0,37 por cento em termos mensais e 17,96 por cento nos últimos 12 meses;
No mercado cambial primário, a taxa de câmbio média do kwanza face ao dólar situou-se em 165,92, mantendo-se inalterada.
Os bancos comerciais compraram 1.296 milhões de dólares, 1.120,91 milhões ao BNA e o remanescente aos seus clientes, o que, comparativamente ao mês anterior, representou um aumento de 21,55 por cento.
A última vez em que o Comité de Política Monetária do Banco Nacional de Angola subiu os juros foi em Junho, quando a taxa básica foi elevada em dois pontos percentuais, de 14 para 16 por cento, indicam dados disponíveis no Jornal de Angola.
Naquela ocasião, o Banco Nacional de Angola também decidiu aumentar a taxa de juro da facilidade permanente de cedência de liquidez - à qual empresta aos bancos comerciais - em 4,00 pontos percentuais, de 16 para 20 por cento e a de absorção de liquidez - para tomar dinheiro aos bancos - a sete dias em 5,00 pontos percentuais, de 2,25 para 7,25 por cento ao ano.
O BNA declarou naquela altura que o aumento das taxas de juro directoras do banco central tinha como objectivo “sinalizar a economia relativamente à remuneração de activos e passivos, com realce para o incentivo à poupança”.
De notar que a taxa de juro básica era de 8,75 em Julho de 2014, quando iniciou um ciclo de subidas, com três aumentos só em 2016.
Além de tentar manter a estabilidade da política monetária, gerando critérios de previsão para as famílias e as empresas, o banco central angolano também aposta na estabilidade cambial, o que, já em duas ocasiões - em Dezembro do ano passado e em Junho - o Comité de Política Monetária tranquilizou o mercado, declarando não haver projectos para novas desvalorizações do kwanza.
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